

Grande parte do caos que existe no mundo deve-se ao facto que as pessoas não se autovalorizam. Como jamais desenvolveram o sentimento de benevolência ou empatia por si mesmas, não conseguem experimentar o sentimento de paz ou harmonia interior, e por isso o que projetam para os demais é igualmente desarmônico e confuso.(...) Temos de aceitar a responsabilidade pessoal pela elevação de nossas vidas. CHÖGYAM TRUNGPA
Começamos com uma palestra sobre os principios fundamentais. Óptimo, no mundo das palestras sinto-me segura, conheco os códigos de comportamento...
A META FUNDAMENTAL DE QUALQUER SER HUMANO É SER FELIZ E EVITAR O SOFRIMENTO Hmmmmm .......
AS ILUSÕES CRIAM O SOFRIMENTO: bem dito, mas quem me salva das minhas ilusões ? Pergunta idiota! Eu mesma naturalmente. Senão, quem ?
O CAMINHO PARA ACABAR COM AS ILUSÃES E CHEGAR À RELIDADE É A MEDITACÃO
A meditação serviria para compreender , ou melhor dito, sentir , que os pensamentos são só pensamentos e não realidades , que o cérebro pensa sem nunca parar , mas se conseguirmos compreender como funciona o nosso cérebro podemos chegar a frear o ritmo frenético do pensamento e aprender a ver a realidade por detrás das ilusões. Hmmm, mas isso não é a morte de toda a imaginação e creatividade ??? Bom, paciência, já vou descubrir.
QUANDO ENCARARMOS O MEDO, FUNDE COMO A NEVE AO SOL – É engraçado, as metáforas da neve são as mesmas no Tibete e na Áustria :-)
O MOMENTO DA FELICIDADE E DA LIBERDADE : QUANDO NÃO SENTIMOS SAUDADES DE NADA E ESTAMOS COMPLETAMENTE NO PRESENTE
Ah, pois isso sim que é o meu tema. Quem me dera nao sentir saudades. Em realidade estou aqui para me esquecer desse... STOP.
Esses momentos de felicidade e liberdade total, eu conheço: e quando se conseguir contemplar uma árvore, uma catarata, o mar, uma gota de água numa folha até nos esquecermos de nós mesmos e sentir-mo-nos uma parte de ... não sei ... talvez do universo. Sempre pensei que isso era uma vivencia estética e, de facto, faz muito pouco tempo que finalmente encontrei algumas pessoas que comprendiam o que estava a dizer ao falar desse tipo de vivências – e foram todos pintores !! Então pensei que precisava-se de um certo temperamento de artista para poder sentir essas coisas. Mas se for isso o caminho para chegar à sabedoria e à tranquilidade interior, então ando neste caminho há muitissimos anos ......
Das muitas coisas inteligentes que dizia o Carlos Manuel sem nunca realizá-las ele mesmo na sua propria vida, foi “procurar ambientes propicios à felicidade”. Pois é isso mesmo que estou a fazer.
Cheguei a casa tarde, mas curiosamente menos cansada
NAO HÁ NADA PARA ANSIAR NEM PARA ESPERAR, TUDO ESTÁ AQUI
Também não se pode dizer que os “shambhalistas” não gozam dos prazeres da vida. O fundador do movimento, o Chögyam Trungpa foi uma figura multifacetada: ao lado de ser um importante lama tibetano, também foi artista (caligrafia, pintura, filmes, ikebana), psicólogo e não sei que mais … e por certo gozava de tudo o que este mundo oferece: nada de ascetismos.
A boa cozinha é parte integrante de tudo o que se faz neste centro. Para o almoço organizou-se um prato vegetariano dum restaurante índio, e depois de um dia longo, cheio, interessante, com muita energia, ainda integrámos a vida nocturna do sábado e fomos a un restaurante, impecável, no meio do “ Triângulo das Bermudas” que é uma das zonas de vida nocturna de Viena, que assim se chama porque dizem que muitas pessoas não apareceram mais. Nós, sim, que voltámos a aparecer, mas só depois de um jantar de primeiríssima qualidade, e de muito boa conversa e de muito riso.
DOMINGO
Depois de ficar na mesma posição muito tempo, qualquer movimento é bem-vindo. A tradição shambhala também criou uma forma de yoga, o Shamata-yoga. É, de facto, um tipo de resumo de várias formas de yoga, é curto, são apenas alguns exercicios, faz bem.
Chegou um momento, no domingo pela tarde, em que eu disse de mim para comigo “Ficaste maluca ?! O que é que estás a fazer aqui três dias, sentada e imóvel ou a andar lentamente de olhos fixos sempre no mesmo sítio sem fazer absolutamente nada ??!! Que a vida está fora desta sala ...... “ Mas, mesmo ao pensar isso, sentia-me muito bem e de facto não tinha nenhum “desejo de fuga”.
E depois houve a famosa questão do “ego”. Ainda nao consegui entender o conceito. Cada um tem uma definicão diferente e nenhuma aclarou-me nem minimamente. Os instructores sorriam e diziam “ vas ver que estas questões, com a experiência da meditação, tornam-se mais claras. A vivência não se explica, vive-se“
BOM, então até à próxima.... que o ego é o tema principal da segunda parte do “treino Shambhala”