Há duas ou tres semanas estive numa festa do centro Shambhala. Bom ambiente, divertida, pessoas interessantes, dessas com as quais podes tanto filosofar sobre o sentido da vida como rir da piada mais simples. Um jardim bonito, boa comida, em suma, tudo perfeito ........


A lição que me impressionou foi a seguinte. Um dos convidados jogava com um grupo de crianças. Não sei como começou o jogo mas quando eu fiquei atenta, sob o meu ponto de vista a situação já tinha descarrilado. O homem estava deitado no chão e as crianças sentadas em cima a gritar e a bater nele, e a coloca-lhe terra e erva em cima da cabeça...

E batiam forte e gritavam “só tens que dizer que abandonas e paramos”. E ele dizia “não abandono nunca” mas não respondia a violencia de nenhuma maneira. Havía muitos adultos a olhar mas ninguem interferiu, só uma pessoa lhe perguntou se precisava de ajuda, e ele disse que não.
Eu, no momento não compreendia a situãção. Achava-a muito curiosa, mas como havia muitas pessoas a verem o que se passava e sou nova nesse grupo limitei-me a observar.



Bastante tempo depois as crianças abandonaram a guerra e desapareciam nalgum cantinho do jardim, o homem levantou-se e então alguém lhe perguntou porque tinha feito aquilo e ele disse “espera um pouco“. E, para a minha grandissima sorpresa, pouco depois as crianças apareceram mão na mão para pedir desculpas sem que ninguem tivesse dito nada.
E mas tarde o homen comentou que talvez tivessem compreendido a lição que nunca se deve abandonar uma causa justa nem perante a violencia e depois riu-se e comentou que para a proxima lição arranjaria um colchão ou pelo menos um cobertor porque o chão era muito duro.
Fiquei pensativa a admirar tanto a filosofia não violenta como a motivação pedagogica deste homen, as crianças nem eram suas. Provavelmente consideram que todos os adultos tem a responsabilidade para com todas as crianças o que decerto é muito verdadeiro.
E a noite terminou com muita luz, tao real como metaforica.
